terça-feira, 27 de maio de 2008

Relação e sardas - Tomo II


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Havia sombra nos olhares furtivos que trocávamos em momentos de tensão. Soube chegar de mansinho e acariciar meu cabelo, ondulando os dedos em uma das minha têmporas. Sorriu com delicadeza e deixou sobressair um desejo de colo. Não poderíamos, de fato, ficar sós.

Sob a tez branca e sardenta desci os meus lábios, amaciei a sua nuca e ela respondeu com o corpo. Nos abraçamos e demos um tempo ao tempo.

Comunhão íntima, intríseca, macomunada com um pouco de redenção e muito de tesão. Colocamos as mãos entre si, enquanto nos encontrava como há vinte anos. Havia felicidade e sorrisos, beijos longos e olhares cândidos, a nossa trilha sonora sempre auvidava em nossas memórias com o soar gradual dos filmes românticos.

Corpos nus, olho no olho, a respiração compassada e um balé de reações químicas, com o calor e o suor.

Ela fazia dengo e eu lhe acariciava os ombros, sob a vista das sardas linda, que tomavam suas costas, com os cabelos caindo entre os meus dedos.

Pouco depois estávamos os dois abraçados, olhandos os filhos sobre as camas, dormindo como anjos. Havia ainda uma magia que insistia em não interromper e um vasto caminho de provações a surgir.

O muro que nos apontava um fim súbito, caía, tijolo-a-tijolo, e tínhamos forças para pertencer um ao outro, sem remorsos e dores.

A vida continua pregando peças e eu só tenho a aprender. Sorrio para ela quando vejo chegar, e brinco com os olhos quando a vejo partir e ela de soslaio faz um charme com a cabeça, pois sabe que estou vendo.

Ainda estamos juntos e únicos.

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