sábado, 22 de março de 2008

Alguém do meu lado



Foi intenso. Teve início no sofá, em meio a uma sessão de um filme "romântico" - assim indicava a capa do DVD. Estávamos com biscoitos e sucos. A luz apagada e somente a imagem da TV tirando a nossa atenção. Então em uma determinada cena ela deu uma leve estremecida.

NA TV

Ele chega por trás dela. Camisa de algodão justa, cabelos ensebados e puxados para trás, com fios milimetricamente arrepiados na franja. Ela entregue, com os longos cabelos negros caindo pelo ombros e o decote do vestido vermelho deixando boa parte de suas costas nua. Ele então encostou seus lábios na nuca dela e a sua língua salientou sobre o volume, contornando com carinho os músculos do trapézio dela. Um arfar de desejo mais saliente. A câmera realiza uma troca de cortes sugestivos. Os lábios dela umedecidos, os olhos caídos, os pêlos arrepiados.
Ele alisava os braços dela com excitação enquanto beijava o pescoço e encostava sua pélvis na bunda.
Comprimia vagarosamente o volume de sua pélvis no contorno saliente no rego das nádegas dela, que estavam comprimidas no vestido justo. Ela levantou o pescoço jogou os cabelos no rosto dele e comprimiu os lábios enquanto gemia baixinho.
Dos braços ele passou para a barriga dela, alisando com carinho e desejo, até que uma de sua mãos se enfiou por entre a fresta lateral do vestido e encontrou o fio lateral da calcinha. Os dedos passearam enquanto catavam o volume liso e aveludado sob a calcinha. A penugem alourada das coxas estava arrepiada.
As mãos dela procuravam alisar as coxas e bunda dele, num frênesi de desejo. Ele então a virou de frente e ela estava entregue, lhe ofereceu a boca. Com a barba rala, encostou a sua face na dela e levemente arrastou até encontrar a sua boca na dela. As língua se encontraram e as bocas se esfregavam com paixão.

-
DE VOLTA AO SOFÁ

Senti um calor rarefeito sobrepor a ventilação natural que saía da janela. Ela estava bem atenta à cena. Coloquei outro biscoito na boca e agora era eu que não desgrudava os olhos da TV. Então, sua mão posou sobre a minha coxa e eu a olhei diretamente. Ela continuou prestando atenção na cena e a sua mão deslizou para cima e para baixo em cima da minha coxa. O meu pênis avolumou sob a calça jeans e ela então me olhou.
Fiquei estarrecido olhando diretamente em seus olhos, ela deu um sorriso sem graça e teve a intenção de tirar a mão imediatamente. Fui mais rápido. Segurei a sua mão e a comprimi sobre o meu volume. Ela suspirou e deixou a mão pousada por alguns segundos. Já não olhávamos mais para o filme.
Ela então comprimiu com força a sua mão em cima do meu volume e senti um dor fina na uretra, como um choque elétrico.
Eu me aproximei dela e ela tocou os meus lábios com a outra mão.
- Sem beijo, por favor!
Nada disse, beijei a sua testa e acaricei os seus seios. Ela então me puxou para o quarto ao lado da sala.
- Vem. - Me disse.
Tirou a roupa e deitou na cama que ficava ao lado de uma grande janela com persianas. Percebi então que tinha um piercing no umbigo. Ela deitou de lado e deu um grande sorriso.
Fiquei encantado com a sua pele branquinha e os cabelos castanhos pousados sobre um dos braços que segurava a cabeça no que parecia uma pose de retrato. De imediato tirei a minha roupa e deitei próximo a ela, onde beijei os seus seios, mordiscava os bicos e descia a língua comprimindo num carinho que contornava a auréola e o volume dos dois seios.
Ela gemia e com os olhos fechados acariciava os meus cabelos empurrando minha cabeça para baixo. Compreendi a sua intenção e fui beijando toda a extensão de seu abdômem até chegar a pélvis. O cheiro de sexo era intenso e vislumbrei a sua penugem castanha, que acabou sendo sugada por minha boca.
Comprimi a minha língua sobre a fenda rosa, abrindo levemente os grandes lábios da vagina. O sumo claro molhou minha língua e a acaricei por sua extensão, sugando os pequenos lábios e concentrando a ponta da língua em um duelo com o seu grelo. Ela segurava a minha cabeça com força e comandava a velocidade da chupada que lhe dava.
- Isso é tãooooo booommmmm... Boooommmmm... Faz, continua... Faz, não pára, não pára, por favor, por favor...
Fiquei poucos minutos naquela posição, maltratando a sua vagina com linguada e mordidas nos lábios, mas pareciam longos, eternos diante do prazer de tudo aquilo. O gosto dela na minha boca, o inchaço de sua vagina que parecia um grande e suculento morango. Era linda, linda demais para eu compreender o desejo intenso que sentia por cada milimetro de seu corpo, ali, entregue, lânguido e macio. Uma dádiva que me transformava em objeto e homem, macho e paixão. Na verdade, o entregue ali era eu.
Quando percebi que ela estava pronta a ter um orgasmo, subi rapidamente e introduzi com cuidado. A louca me virou de costa e subiu em cima de mim, cavalgando com volúpia. A imagem era das coisas mais lindas que já tinha visto no mundo. Os cabelos balançando a cada estocada que eu dava e ela bailando o quadril. Ela sorria, gemia e me oferecia os seios para serem sugados, o que eu fazia com um desejo fora do normal. Podia sentir cada centímetro de sua vagina comprimir o meu pênis, o gosto saliente de seu suco em minha boca e provocando uma intensidade de gozo que eu jamais pensei em sentir novamente.
Ela então parou por um instante, comprimiu a musculatura da vagina e o meu pênis sentiu cada contração. Eu estava no paraíso e ela gozando feito uma louca. Balançava o quadril e fazia círculos em torno da minha cintura até que caiu sobre mim dando um gemido bem alto e virando para o lado, se afastou de mim para outro canto da cama. Ela então se encolheu na posição fetal e figou um tempinho gemendo e rindo baixinho, enquanto o seu corpo parecia sofrer tremeliques.
Ela virou para mim com um sorriso de satisfação e beijou a minha mão.
- Que loucura! - Disse.
Eu fiquei estarrecido e feliz ao mesmo tempo em vê-la tão relaxada e alegre. Demos um tempinho nus. Ela então pegou sua máquina fotográfica digital e me pediu que eu tirasse uma foto sua, do jeito que estava. Extasiada, dengosa, manhosa, feliz e nua.
Não a contrariei e a sessão de filme ficou para outro dia mesmo, pois aquele filme "romântico" já havia sido apagado de nossas memórias.

A escrota



Porto Velho é uma cidade escrota. Quase todo mundo do Sul e Sudeste acha que ela fica em Roraima (RR), como os telejornais gostam de citar, em casos de lapso. Eu morro de rir quando vejo um William Bonner (Jornal Nacional/Rede Globo) ou Carlos Nascimento (Brasil Urgente/SBT) se referirem errado a capital de RONDÔNIA (RO), mas, enfim, apesar de ver a revolta de quem nasceu aqui ao deparar com um erro grotesco dessa natureza, tenho que escrever obrigatoriamente que Porto Velho é uma cidade escrota.
A capital centraliza a sua economia no salário do funcionalismo público e diante da sua fauna habitacional existe um abismo gigantesco entre a elite e a marginália, como ocorre em grandes centros, mas o diferencial e que essa dualidade social vive próxima demais, por isso mesmo o índice de violência é surpreendente - que o diga a zona Leste da cidade, o perímetro mais violento da região.
A olho nu a visão romântica que posso tirar de morar há mais de trinta anos aqui é a praticidade de alguns prazeres de consumo da cultura pop - leia-se revistas (Histórias em Quadrinhos, é claro), livros, cinema, CDs e amigos bem particulares.
Se encontro quase tudo que necessito para o meu deleite de colecionador de "gibis" na Revistaria Central, posso ater o meu consumo literário com um livraria no Aeroporto, onde lançamentos recentes se misturam a coletâneas. Como "rato" de sebo, ainda posso recorrer à Central, onde tem um sebo de livros, DVDs e CDs muito, muito interessante.
Até a chegada dos dois shopping centers monstruosos que devem ser inaugurados até o fim desse ano, dá para se contentar com os dois únicos cinemas da cidade, o Cine Rio e o Cine Veneza. Quebra um galho, mas nada de extraordinário. A programação de filmes ainda é muito infeliz. Apenas blockbusters, comédias, infantis e outro tanto de filmes românticos.
Mas o interessante é o universo de perdição que pode ser encontrado na cidade. Se de um lado você pode vislumbrar a fascinante história da lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, onde há uma guerra velada entre os cultuadores da velha "maria-fumaça" e o modernos restauradores de patrimônio, de outro o ar moderno está em uma grande concentração de veículos e o inchaço da população na parte central, ainda que a cada ano surja invasões que se transformam em novos bairros periféricos.
Ah sim, tem as usinas do rio Madeira, que devem elevar o nível de vida da capital. "O horror, o horror", como diria o personagem de Marlon Brandon no filme "Apocalypse Now", de Francis Ford Copolla. Elevar no caso seria aumentar os problemas corriqueiros de intolerância social entre a marginália e a elite, para um nível desproporcional e ainda sem medição perspecto-futura. Só vivendo no tempo certo saberemos o que de fato significa uma cidade cercada por usinas e shopping centers.
A olho nu, vejo que estaremos na rota do consumo empresarial e na medição lucrativa das médias e grandes corporações, que enxergarão em Porto Velho como um novo e renovado Eldorado.
Para mim, como jornalista e consumidor ativo de cultura pop, creio que teremos anos de grande revolução. Se será positiva, definitivamente só o tempo poderá esclarecer.
Mas que Porto Velho é uma cidade escrota, ah, isso é sim.