sábado, 29 de março de 2008

Tragédia Viral no Rio



Eu estou acompanhando essa tragédia que ocorre no Rio de Janeiro em relação à dengue e, juro por Deus, não me surpreendeu. Não quero parecer frio, insensível ou reacionário quanto a minha postura em relação ao que ocorre. Mas, sejamos sinceros, me atendo aos estudos dos pesquisadores Fernando Martins e Terezinha Castiñeiras, posso dizer que o que ocorre é uma tragédia enunciada. No Brasil, estão circulando os vírus 1, 2 e 3. O vírus 3 foi isolado no Rio de Janeiro em 2001, apesar de ter entrado na cidade um ano antes. Hoje, o estado vive a sua quarta epidemia, o que corresponde ao vírus 4. Implacável, agonizante e muito triste.

Mas de quem é a culpa mesmo?

Uma cidade como o Rio de Janeiro, feita de beleza turística, em contraste com suas favelas, periferias miserentas e pouca consciência social em relação a doença - quem realmente se preocupa com as conseqüências diante da pobreza, violência e tráfico de drogas? O pobre? O trabalhador que acorda às 03h00 da manhã para chegar no serviço às 07h30?. Sei não. Quem sabe o Município, através de um suposto "doido" chamado César Maia. Será? Acho que não, olha o caos na saúde carioca com essa devastação causada pelo Aëdes aegypti, que se proliferou em todo o estado através da falta de saneamento básico e de uma política efetiva e eficiente sobre a conscientização no combate à dengue, como deve ser feita.

Oras, não é só governo que trabalha nisso, a própria população precisa sair do comodismo de querer que as coisas se resolvam só depois da merda feita. Quantas crianças morreram, quantas vítimas morrem por dia, por hora. A contagem de corpos causada pela dengue é um espanto de negligência mútua, estado e população.

O mosquito trasmissor prolifera-se dentro ou nas proximidades de habitações (como casas, apartamentos, hotéis, pousadas, etc) em qualquer tipo de água parada, esteja ela relativamente limpa, que pode estar concentrada em caixas d'água, cisternas, pneus, vasos de plantas, cacos de vidros, latas, etc. O que custa manter cuidados para erradicação do Aëdes aegypti se não cortar a sua fonte de proliferação. Realmente, é muita falta de consciência, mas também, morando no Rio de Janeiro, cidade maravilhosa, com sua mescla de beleza e violência, riqueza e miséria, em proporções desiguais, quem de fato vai realmente se importar?
Ressalto, baseado nas pesquisas dos dois mestre citados acima, que o único modo possível de evitar ocorrência de epidemias e a introdução de um novo tipo do vírus do dengue é através do controle do transmissor, o mosquito. O que, de fato o Rio de Janeiro não o fez.

Olha, eu sei que vai ter muita gente (até parece) reclamando desse post, pois foge da proposta do blog, mas, eu não aguento, eu sou jornalista e me revolto com algumas situações que transformam esse país num imenso circo de interiores, onde a lona é mais remendada que cueca proletária.

Vou deixar aqui embaixo alguns tópicos da pesquisa de Fernando Martins e Terezinha Castiñeiras, que é alta literatura - meus queridos, leiam, vale a pena (preste atenção no que eles falam sobre a proliferação da doença no Rio de Janeiro, atualmente o estado passa pela fase do vírus 4):



"Cerca de dois bilhões e meio de pessoas vivem em áreas de risco de transmissão de dengue e a doença é endêmica em mais de 100 países de todos os Continentes, com exceção da Europa. A Organização Mundial da Saúde estima que, no mundo, ocorram entre 50 e 100 milhões de casos, resultando em cerca de 500 mil internações e 20 mil óbitos por ano.
No Brasil, a erradicação do A. aegypti na década de 30, levada a cabo para o controle da febre amarela, fez desaparecer o dengue. No entanto, em 1976 o Aëdes aegypti foi reintroduzido no Brasil, definitivamente, em Salvador (BA). Em 1981 ocorreu uma epidemia de dengue (vírus 1 e 4) em Boa Vista (RR) e, atualmente, a doença é registrada em todas as regiões do País. No Rio de Janeiro ocorreram três grandes epidemias, em 1986-87 (vírus 1), 1990-91 (vírus 2) e 2001-02 (vírus 3), totalizando mais de meio milhão de casos."
Concluo escrevendo, uma vergonha!

domingo, 23 de março de 2008

Canção e melodia - I


Foi uma fagulha que trepidou um dia em minha vida. A primeira vez que ouvi sobre essa banda escocesa, Belle And Sebastian, foi num programa alternativo que passava de madrugada na MTV. Depois a gravadora Trama programou uma série de lançamentos de CDs da banda. Comprei todos os possíveis, até singles e EPs. Cada canção uma surpresa. Seria capaz de listar algumas bandas e artistas que estão referentes em cada canção, de The Smiths à Bob Dylan, dos estilos variados que se almagamavam com singular paixão, do tradicional folk celta, passando pelo lounge, pela bossa nova, pelo indie-rock manchesteriano, o jazz e a polca. Enfim, uma banda com um grande diferencial nos dias de hoje.


Coloquei como referência para quem quer iniciar ouvindo as canções do B&S esse EP (no formato de CD), lançado em 1997, e que integrou um pacote charmoso e muito interessante, com o mesmo título. Acima a capa é a original do EP (EP, ou Extend Play era saudado na época dos discos de vinil como um LP com quatro canções curtas, duas de cada lado, ou seja, não era compacto e nem mesmo um LP completo), abaixo a capa do pacote onde este CD está integrado.




Além de "Lazy Line Painter Jane" acompanhava os CDs: "Dog on Wheels" e "3.. 6.. 9 Seconds Of Light".

O "Lazy..." tem uma das capas de discos mais bonitas que eu já vi, até mesmo porque a cor magenta chapada com o preto tem uma combinação fantástica, ainda mais com a imagem forte da figura solitária e meditativa. Os óculos seguros pela mão direita sobre o joelho, onde descansa um livro é um retrato oniscente na minha vida.

As canções completam a beleza do disco, além da poesia fraterna e urbana das letras, sempre referentes a pequenos dramas banais do cotidiano, o vocal e os arranjos são caprichosos e contam com uma linda variação de melodia. Trafegam com habilidade entre o pop e o folk, com pitadas de eletrônico e rock. Tudo tão alvejante e especial. A faixa-título tem a participação de Monica Queens - no encarte diz que ela foi especialmente convidada para gravar a faixa, não sei o que isso significa, pois não a conheço, mas deve ter o mesmo efeito de um Cansei de Ser Sexy (comparação idiota minha viu, ignorem) chamando a Fernanda Takay para um dueto.

As outras faixas que completam o lindo CD são: "You Made Me Forget My Dreams" (quase uma canção de ninar, com um final surpreendente), "Photo Jenny" e "A Century Of Elvis".

Para quem quer iniciar nas canções da banda esse é o CD. Para mim, como fã, tem um valor inestimável, tanto quanto outros trabalhos maravilhosos e que fazem meus dias de intelectual mais felizes. Para quem quer saber mais a respeito do que eles fazem, clica AQUI.

Abaixo o vídeo da canção: