terça-feira, 8 de abril de 2008

LITERATURA - Pendências e paixões

Como jornalista e na chefia de uma redação tenho um tempo muito escasso para alguns prazeres. Ler é um dos maiores trunfos que eu possuo para escapar da realidade e viver outras. Leio romances, biografias, teses, informativos e muitas histórias em quadrinhos (gibi). Adquiri algumas peças valiosas de leitura que fariam me tomar uma tarde inteira de domingo, deitado na minha velha cama de solteiro, ao som do CD "Wish you were here", do Pink Floyd, em sistema de repeat no meu aparelho.

Para mostrar que eu não estou sendo exagerado olha só a foto.



Pequenos prazeres de um apaixonado por leitura. Só para contrariar, além de Pink Floyd, deixo exposto uma alta recomendação de som que serve de trilha para esses momentos de raro deleite, "Smile", do grande Brian Wilson - a obra maldita e perdida dos Beach Boys, o que seria a resposta definitiva para "Sargent Peppers" (1967/EMI), dos Beatles. Enfim, história crianças, história.
Depois eu conto como foi emocionante adquirir três belos livros do meu autor favorito, Charles Bukowski.

Quem sabe o mal que se esconde no coração dos homens?




Era essa a frase que marcava um personagem pulp e que depois virou uma célebre HQ, O Sombra, mas é também um questionamento que permeia a minha cabeça nos últimos dias no que diz respeito a pequena Isabella, de cinco anos, que foi espancada e jogada da janela de um prédio.

A violência do ato justifica tamanha catarse provocada na população, não só pela barbárie, a covardia e desumanidade do ato em cima de uma criança. Tenho filhos, dois para ser exato, e fico sensível com a família, que de fato amava essa menina. Mas o grande lance em torno do caso gira no fato de que diante de fatos, relatórios periciais e especulações diversas busque-se uma solução final e puna o (s) culpado (s). A expectativa provoca a reação da busca do clímax final, a grande revelação: quem matou Isabella?

Pela versão esdrúxula do pai e da madrasta até as grandes redes de televisão, como a Globo e a Record, induzem uma campanha velada de que o pai tem uma gama de responsabilidade sobre o que ocorreu.

O Ministério Público diz que é cedo para apontar culpados, a Polícia, no entanto, é um pouco mais enfática em reduzir os seus suspeitos ao casal, o pai da criança e a sua madrasta, pois foram, em tese, as últimas pessoas a terem contato em vida com Isabella.

Longe de tudo, eu posso teorizar e tentar vagar em versões que me levem a compreender a razão de tudo isso. Ainda assim eu nunca vou entender, de fato, o mal que se esconde no coração dos homens.

Essa semana três grandes revistas de circulação nacional dispuseram matérias coerentes, factuais, com alternativas de textos desdobrados. O choque que cada texto transmite ao relatar o caso da menina Isabella é emocional, mas atento as investigações até a data de seu fechamento. Hoje ou amanhã a verdade se aproxima da revelação do que ocorreu naquela noite de 29 de março, um sábado.

- Quando o mal triunfa
Foto: O Globo

Momento I

Alguém abrande a alma do destino e cale os tolos que caminham sem direção, sob a ponte de comando do coração. O mundo pode ser pequeno ou grande, depende da dimensão desejada nos sonhos. Essa música almeja razão e coração, numa dualidade paradoxa, mas, antes de ser romântica, ela tende a ser apenas religiosa. O U2 apresentou na década de 80 a canção de redenção, que declina corpos a se encontrarem e beijos a serem dados. Uma poesia sonora que arremete todas as dores do mundo em um único canal e ainda assim nos faz emocionar por todas as razões, como um sorriso escondido por trás da timidez. Só para lembrar um tempo bom.