quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A nau dos insensatos


A imprensa rondoniense é algo extraordinário. Em algumas rodas de jornalistas vez ou outra me permito pescar pérolas, ditos bordões proferidos de bocas de gente que acha que a verdade é uma constante em sua opinião. Não sou o dono da verdade e ficaria muito puto se essa peja me fosse passada, mas eu admiro a cara de pau de alguns escribas que mapeiam o trabalho de outros colegas e bandeiam num círculo de fofocas e disse-me-disse que não leva a lugar algum.
Em tempos passados os formandos da primeira turma eram rechaçados em alguns porões e sótãos da velha guarda como pretensos escribas, sem experiência “material” de uma verdadeira e autêntica redação de jornal. Que eu, acredito, seja a verdadeira sala de aula do bom jornalista. Eu escrevi “bom jornalista”, o básico, minimamente escrevendo para ser apto a exercer tão bela e suicida profissão. Porém a academia se faz necessário e a formação superior é um direito complementar ao exercício absoluto da profissão.

O que muitos apontavam como ponto fraco da primeira turma formada pela Faro era justamente o reconhecimento do curso, cujas idas e vindas do MEC e torcida contra se tornaram uma constante, para desespero dos formandos e glória para alguns maledicentes que riam, faziam troça em blogs e artigos, alguns bem elaborados, mas insípidos diante do desprezo. “Fazer faculdade, pra quê?”.

Tudo bem, a lei permitia o provisionado (enquanto o curso de comunicação social não fosse reconhecido pelo MEC) e depois o precário voltou. Ou seja, enquanto permanecia em suspense o reconhecimento do curso de Comunicação da Faro, alguns, deitados nos louros da comodidade, permaneciam no mundo encantado do desprezo pelos formandos que conseguiam devagar o seu espaço no mercado.

A nau dos insensatos navegava a favor do tempo, no limite da paciência dos formandos, muitos condicionados a acionar juridicamente a instituição de ensino em vista da demora. Ora, o sonho encantado de parte dos provisionados. E pensar que tinha gente que desprezava o curso de qualquer faculdade (não só da Faro, mas da Uniron, da Ulbra –Jipa) pois não acreditava na competência dos professores, alguns, profissionais que trabalham em assessoria ou veículo de comunicação.

Passado alguns meses do feliz reconhecimento do curso de comunicação da Faro, caiu o provisionado e os muitos jornalistas da antiga, que ainda desprezavam o curso de comunicação se viram obrigados a entrar na academia.

Infelizmente muitos profissionais de imprensa que atuam há anos em Porto Velho se acham donos absolutos da verdade. Alguns até fazem referências pejorativas aos chamados formandos da primeira turma de jornalismo que hoje, depois de quase três anos estão atuantes no mercado. Muitos trabalhando como assessores de imprensa na capital e no interior, outros na imprensa televisiva, impressa, sites e também em estações de rádio. Fica então uma pergunta solta no ar – A propalada incompetência destes novos profissionais é um fato ou apenas um mito criado e disseminado a esmo com o intuito único de prejudicar e denegrir a imagem dos jornalistas formados nos bancos de uma faculdade?

Parece que agora a história sofre uma reviravolta surpreendente como acontece nos filmes de ação hollywoodianos. Então chegou o dia do caçador? Quem jogava pedra passou a ser vitrine? Agora aqueles que se achavam donos da verdade têm que passar pelos mesmos bancos de uma faculdade, pois a realidade bateu de frente com estas pessoas que passaram a sentir na pele a mesma necessidade de um diploma para exercer a profissão de jornalista.

Seria utópico sonhar com a mudança de pensamento dessas pessoas que duvidaram e escreveram sobre a capacidade dos novos jornalistas? Creio que se fosse possível seria muito melhor que esta nova geração tivesse o apoio e reconhecimento dos veteranos para que desta forma pudessem aprender com a experiência e ao mesmo tempo trocar informações como se um e outro fossem sem dúvida complemento, continuidade da história, companheiros e aliados. Porém os insensatos preferem atacar a surdina, covardemente e sem escrúpulos. Para quem tem medo, a melhor defesa é o ataque.

Mas o show deve continuar. A história avança e a nau dos insensatos perde o rumo e segue em círculos, perdida de si mesmo e da razão. A insensatez já destronou muitos. Basta reler os livros de história. Não somos nós que gostamos de repetição, é a história que adora. Agora é erguer a cabeça. Recuperar a confiança e a humildade. Quem sabe assim doa menos ter de assistir aulas sobre assuntos que estas pessoas tinham certeza que já sabiam e certamente se vangloriavam, do alto de seus altares, de propalar para quem os quisessem ouvir. Como dizia Geraldo Vandré – “quem sabe faz a hora não espera acontecer”.
(Com a colaboração do jornalista Humberto Oliveira)