sábado, 15 de março de 2008

Um tema para cada momento

Um tema é uma referência de bem estar para mim. Amo música e penso que tudo pode ser movida por ela, principalmente quando tratamos a vida. É um pensamento livre, lírico e idiota, mas que me parece perfeito.

As lembranças são motivadas por emoções variadas, as nostálgicas são quase sempre as melhores, pois trazemos amigos, momentos, vitórias e decepções para o campo de visão sensorial. Eu sempre vou colocar um fragmento de frase que eu poderia definir como um epitáfio e serve como um prazer intenso para me colocar nesse momento: "a brisa fria que entra pela janela, no fim da tarde".

Não tem jeito, vez ou outra, em textos mais emotivos ou nostálgicos, essa frase sublima minha inspiração (não mais tão inspirada). Portanto me perdoe se ela parecer vez ou outra em alguns textos e você ter aquela sensação de que já leu isso em algum lugar, definitivamente sou eu divagando em segundos e retratando isso com "a brisa fria que entra pela janela, no fim da tarde".

Esse é um tema recorrente que permeia meu gosto musical e que sem perceber contamina minha visão romântica de uma vida que sempre busquei.

O que segue abaixo é um momento idílico de uma linda fase que passei e superei, mas tá guardada na minha memória como uma brisa fria que entra pela janela, no fim da tarde. (Heheheheeh... Me desculpe, foi inevitável)


segunda-feira, 10 de março de 2008

UM ATO - HUMANOS 01

FIM DE TARDE

Um extenso corredor acolhido por uma sucessão de janelas de vidro, do lado oeste do velho prédio de apartamentos. Na vista panorâmica, o Sol se põe em luzes amarelas cintilantes, enquanto sombras em cinzas rebatem as colunas que cruzam o corredor.

Ela surge correndo, não escondendo o choro. Apreensiva, quase em choque. Maquiagem sóbria, sobre um curto vestido de veludo azul marinho, cabelos soltos e saltos de agulha estalando no piso de taco.

Ele então, remoendo um sentimento de culpa lacinante, morde os lábios e sente a culpa invadir sua razão causando uma mistura de sentimentos que ele mesmo ainda tenta decifrar em tão pouco tempo.

(Uma música para acompanhar e volte ao texto, se não perdes o fio da meada)

http://br.youtube.com/watch?v=NmoE8_U-JTw

O vento entra pelas basculantes grandes das janelas de frente ao corredor. Ela pára por um momento e suspira. Parece tonta.
Ele chega no início do corredor e sente a pressão ao vê-la tão desprotegida.
Caminha sério, ansioso e ele então percebe que ela sabe que ele está chegando. A verdade havia sido descoberta.

ELA - Eu nunca entendi sabe... Não sei como pôde.... (Suspira dolorido)
ELE - (Silêncio)
ELA - (Ainda de costa) Não existe uma maneira menos cretina de você acabar tudo isso sem me machucar?
ELE - (Chegando sem jeito) E-eu não queria que fosse dessa forma...
ELA - (Virando de frente para ELE) E mente de forma tão convincente, fingindo se importar agora com o que eu sinto.
ELE - (Abaixa a cabeça) Eu sinto muito, sinto de verdade, mas eu não posso prosseguir com algo que vai piorar daqui algum tempo... Eu queria poder mudar tudo, dar um giro pra trás no tempo e fazer tudo ser diferente... Mas, mas... eu não posso. (Resigna-se)
ELA - (Olha diretamente para o rosto dele) E pensar que poderíamos ter um mundo inteiro em nossa volta como testemunha de um sonho que estava próximo de se tornar realidade, mas você precisava ter feito o que fez? Precisava?
ELE - (Olha para ELA e depois ergue a cabeça em reflexo, para em seguida dar um suspiro baixo) Eu agi errado...
ELA - (SILÊNCIO)
ELE - Tudo o que eu falar não vai justificar o que eu fiz e sei que não foi culpa sua.
ELA - Eu sei disso e não aceitaria nenhuma palavra sua pelo que fez.
ELE - Olha foi algo mal-sucedido, um jogo cretino de palavras e egos.
ELA - (Com raiva) E eu era o prêmio? De forma tão cretina eu era o prêmio?
ELE - (Impassível e relutante) Sim.
ELA - (Enxuga as lágrimas e vira o rosto) Não deveria estar assim e me sentindo tão fragilizada, mas posso dizer que você fez o seu trabalho direitinho, parabéns.
ELE - Desculpe.... Sério... Me desculpe.
ELA - (Se virando e distanciando dele) Vai embora! Vai... Não preciso de desculpas. Daqui à pouco você sentirá piedade e vou mandar você se foder.
ELE - Eu errei muito...
ELA - Quer se sentir bem, procure um padre e se confesse, se tiver um pingo de respeito pelo próximo me deixe em paz.
ELE - (Parado, mexe a boca e olha com desapontamento) Ainda não sei o que houve de fato, mas eu vou sentir a sua falta.
ELA - (Volta com raiva, dedo em riste próximo ao nariz dele) Não faça isso, não seja mais idiota, imbecil do que já foi. Não substime minha inteligência e nem minha dor.

Ela dá as costas e caminha firme, ergue a cabeça e os últimos raios do sol ainda teiman em invadir o extenso corredor que leva até a porta de seu apartamento. Ela então pára por um momento, pega a bolsa e abre, pega um envelope branco e joga para o alto. No percurso da brisa o envelope flutua pelo espaço até cair aos pés dele, que permanece parado observado tudo.

Ele pega o envelope abre e retira a foto.

Ela então dá um sorriso valente, engole o resquício de choro e entra em seu apartamento.

Ele olha a foto e focaliza o seu momento de intimidade com o namorado.

Enfim, ela acabou descobrindo a verdade. Ele, perdido a aposta, pois se importou de fato com o sentimento dela. Pela primeira vez uma mulher havia balançado o seu íntimo.
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