quarta-feira, 17 de março de 2010

Ir...





EU - Oi, meu nome é Marcos.

TODOS - Oi Marcos, seja bem-vindo!

(Em seguida um breve silêncio constrangedor)

(Eu mexo os braços e abaixo a cabeça e depois fico pensativo esperando uma reação a mais... )

(Olho para o monitor e ele me dá um sorriso de canto)

MONITOR - Seja bem-vindo Marcos. Qual o seu motivo de vir até aqui o "Recanto da Tristeza"?

(Engasgo um pouco e as lembranças me vem rapidamente. Palavras duras, alguma injustas demais e outras sensatas. Sentia um gosto de carne crua na boca e a intensidade de um sufocamento causada por uma dor repreendida no peito).

EU - Nem eu sei de verdade... Eu... Eu passei em frente e vi o local aberto. Senti uma paz incrível e resolvi entrar...

(Ele me olha com atenção)

MONITOR - Mas isso é muito pouco para alguém se dispor a entrar aqui e sentar junto a um grupo de estranhos e ainda sentir uma paz.

(Senti um aperto na garganta, mas tudo parecia tão fácil de falar. A dor é sentida e recente. Crua, aberta e exposta)

EU - Parece pouco e talvez até seja. Eu... eu não sei...

(Todos me olham e nada dizem. Pareço um estranho sem rumo, sem chão... Um ninguém mesmo)

MONITOR - Por que você apenas não fala o que acontece. Seja franco e tudo se resolverá.

(Abaixei a cabeça e senti um aperto no peito. Estava triste e queria não poder me sentir o mais filho da puta dos miseráveis. Um ridículo da ocasião... Nem eu sei mais o que poderia ser... )

(Suspirei, olhei para o fundo da sala e vi o que parecia ser um rosto conhecido. Mas não era, apenas um flash de deja vu de alguém que amei. Não importa mais mesmo).

(Parecia poder ouvir um som vindo de algum lugar, como uma música suave, mas quase imperceptível. Podia jurar que estava só, mesmo na companhia daquelas pessoas que me olhavam atentamente).

EU - (Reticente) Sei que cometi muitos erros na minha vida e tentei da melhor forma possível tentar consertar o que parecia irremediável. Não sei se me entenderiam, pois é difícil expressar uma situação que eu criei e não soube conduzir e ainda assim, saber que parte da culpa não foi só minha. Mas eu sinto uma dor tão latente... Um vazio que chega tomando conta de um espaço que era reservado para uma pessoa.

(Abaixo a cabeça e olho para minhas mãos. Por um breve momento medito, coisa rápida)

EU - Hoje eu perdi um pedaço do meu coração, não saberia explicar até que ponto isso pode afetar o meu futuro ou o meu conceito de amizade, mas me fez pensar que preciso dar ainda mais atenção as pessoas que amo para que elas compreendam que eu sou tão falho quanto elas. Tenho razões obscuras que até eu mesmo não compreendo, por vezes penso que vivo em um mundo a parte e que deveria me ater mais ao chão, ser mais frio, objetivo e menos onírico.

(Tenho vontade de encostar a cabeça no ombro de alguém)

EU - ... Não existe razão coerente para algumas falhas minhas, mas eu sou obrigado a entender as falhas das pessoas e ir além da compreensão, pois não quero magoá-las. Mas é errado da minha parte. Seu eu posso ouvir as minhas falhas pelos outros, porque não posso apontar as delas? Qual seria a coerência da relação entre duas pessoas se elas não souberem lidar com erros e acertos e assim tentar com um diálogo mais franco descobrir, ainda que tarde, as verdadeiras razões dos erros e, talvez, tentar redimir ou consertá-los? Eu não sei como lidar com isso? Ou seria imaturo em certo ponto por acreditar que tudo pode ser resolvido depois. Mas é difícil compreender que eu tenho uma vida tão complicada, corrida, não dizendo que sou melhor ou pior que qualquer um que passe pelos mesmos problemas. Eu queria poder ter a solução para tudo e ajudar não só ao outros, mas a mim. Fui chamado de egoísta e até prepotente...

(Levanto os olhos e vejo que tudo parece tão sem sentido, mesmo com toda aquela gente me olhando... A paz me parece distante)

EU - Não queria magoar as pessoas com as minhas ações ou falta delas talvez, mas é um mundo tão complicado. Você tem receio de se machucar por se abrir demais para uma pessoa. Eu tenho medo de me machucar por me expor demais a uma pessoa que gosto além do necessário, mas é uma tarefa tão difícil explicitar isso sem parecer que estou me fazendo de vítima. As razões parecem limitadas, mas dentro do que posso expressar elas são como as linhas do universo, infinitas. Não saberia dizer se conseguiria vê-la no inverno, pois rompemos no verão. Olho para vocês e vejo que existe complacência de pena, uma forma saturada de me olhar com candura, mas não deixando se ater a figura patética que sou. Não saberia dizer se essa paz que encontrei no início seria a mesma que busco no final, mas para aquietar o que passa comigo, com o meu coração é o suficiente para fazer com que eu durma mais uma noite e viva mais um dia.

(A voz embarga)

(Silêncio)

(O monitor me encara e balança a cabeça positivamente, de forma lenta)

EU - Sinto que preciso ir embora. Não olhar para trás e deixar o que de bonito aconteceu apenas como uma lembrança, uma boa lembrança. Queria poder chorar mais, porém já fiz o suficiente e não vejo mais motivo para prosseguir nessa luta de conquista eterna por paz que deve vir com o tempo e ocorrerá naturalmente. Não tenho mais a impaciência da juventude e não pertenço aos laços afetivos dessa geração, pois ela já me cortou e apontou que o caminho que sigo é o errado. A paz que busco está em outra direção. Queria poder encarar a pessoa que transformou o meu mundo em poucos meses e dizer que tudo hoje é uma lembrança. Mas não tem como, pois tudo já acabou, da mesma forma que começou...

MONITOR - E você se conforma com isso?

(Eu me assusto com sua pergunta)

EU - Sim... Pois tudo foi dito de forma dura e direta, com toda a sinceridade. Fiz o que pude e se errei, assim como ela errou também, poderia deixar tudo como uma "desculpa" e começar de novo. Mas não tenho mais estrutura emocional para tanto.

MONITOR - Você prefere que tudo termine assim?

EU- Se foi uma decisão dela... E se só por causa dela fiz coisas que nunca imaginei fazer ou contar, eu me responsabilizo pela decisão que ela tomou. Vou respeitar e esquecer, dentro do que posso das escolhas erradas que fizemos.

MONITOR - Você não precisa ir e deixar que tudo termine assim, sabia?

EU - Eu sei. Mas é a decisão mais acertada. Temos vidas diferentes, somos de gerações diferentes e vivi coisas que ela não viveu. Ela não saberia compreender as razões que tomei como forma de proteção e eu não saberia conduzir um stress emocional desgastante que poderia acabar tudo da forma mais errada possível. Ela foi a certa na história e eu o idiota, o mais completo idiota.

(Todos se entreolham e depois me olham. O monitor sorri e se levanta da sua cadeira)

(Eu estou de pé, olhando a todos com receio, mas certo de que falei o que estava comigo e o que deveria ser dito, ainda que sentisse um gosto de tristeza no palato)

MONITOR - Você tem a noção do que pode acontecer pela sua decisão? Pelo que falou parece que sim, mas não é a mais acertada, mas é sua e é de sua responsabilidade, o que posso te falar Marcos é que as consequências dessa decisão perdurará por tempos e servirá como uma experiência, se para o bem ou mal só o tempo dirá. Mas te digo, aproveite esses momentos e reflita sobre os erros que cometeu e os possíveis acertos, pese tudo isso e não deixe de viver, conhecer mais pessoas, formalizar amigos e respeitá-los, mas, acima de tudo, seja sempre você mesmo.

EU - Tento viver assim... Mas não sou perfeito... Obrigado por tudo.

(Todas as pessoas se levantam... Batem palma e sentam novamente).

(Quero chorar, mas não consigo mais... Senti um luz brilhar e um vento frito bater em mim. Houve uma paz momentânea e sabia que era hora de ir...)

(Sorri com gosto, deixei minha vida de três meses passados fluir como um filme breve na minha memória e lembrei dos meus melhores momentos. Pus o capuz sobre a cabeça acenei com um tchau à todos)

(O monitor deu um sorriso e entendi que havia feito o certo)

(Abri a porta e estava chovendo. Era noite. Mas, não importava... Eu poderia ir com a certeza de que nunca mais estaria só. Não olhei para trás e segui na noite... Com a pisada forte de que amanhã é mais um dia a ser vivido, sorrindo ou não).

FIM

segunda-feira, 15 de março de 2010

formspring.me

Ask me anything http://formspring.me/marcos35anos

Repassando.... "Relacionamentos"

Não costumo repassar as muitas mensagens que recebo no meu Hotmail ou Gmail, até mesmo porque eu acho que já está sendo passado para uma centena de pessoas via e-mail e não vejo muita praticidade em querer fazer o mesmo utilizando algo meu, ainda mais pessoal que é o blog. Mas tem certas mensagens que parecem surgir do nada e servem como um alerta importante. Experiência de vida, aquelas palavras que fazem sentido quando você sente ou sentiu na pele o que está descrito. Sim, são palavras apenas... Mas fazem todo o sentido do mundo para quem, no mínimo, com senso de ridículo da vida e sensibilidade pode entender o seu conteúdo, simples, objetivo e plural. Vivo de emoção, ainda que com o passar da idade a razão é o que me conta mais, por isso mesmo, repasso, a quem possa interessar, o texto que recebi na manhã deste domingo (14) de uma amiga:


Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.

Detesto quando escuto aquela conversa:
- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- é... não deu certo...

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.

Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.
Tudo junto, não vamos encontrar.

Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.

E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.

Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não.

Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto.

Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?

O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós.

Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.

Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear.
E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...

Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ????

(
Arnaldo Jabor)