sexta-feira, 23 de maio de 2008

Um mundo particular de stress

Stress é uma palavra constante na minha profissão de jornalista, ainda mais como empresário e editor-chefe. A profissão, contam as pesquisas, é terceira mais arriscada do mundo, eu acredito que é o limite de risco da saúde quanto as condições psicológicas e físicas do profissional.

Na faculdade eu tinha uma amiga, a Laís, que vivia me mandando via e-mail, regrinhas de combate ao stress, e achava engraçado o modo como ela se preocupava comigo em relação a profissão que eu tinha abraçado com unhas e dentes.

Mas é verdade, assumi uma postura de trabalho no dia-dia que vai minando minhas forças aos poucos, pois até a produção de endorfina que eu fazia questão de manter com os exercícios físicos já perdi há muito tempo por falta de, adivinha, "tempo".

Alio os problemas cotidianos familiares, de cunho pessoal, com os profissionais, de risco, e vejo que há momentos em que penso que o meu corpo e a minha mente não vão suportar.

O stress no últimos dias me abateu de forma implacável, sofrível (como não podia de ser, óbvio), me colocando em becos e conflitos que nem eu mesmo pensei que seria capaz de sanar. É incrível a vulnerabilidade do que essa situação provoca no sujeito. A vontade é de correr, fingir de morto e esperar onde vai dar tudo isso.

Eu lendo um texto da editora de Saúde e Vida On Line, de Lúcia Helena Salvetti De Cicco, sobre o stress, me identifiquei com os sintomas da chamada "doença do (s) século (s)" e o malefício torrencial que provoquei ao meu organismo. Difícil. Reproduzo abaixo o texto muito esclarecedor sobre o assunto.


"O "STRESS" é o resultado de uma reação que o nosso organismo tem quando estimulado por fatores externos desfavoráveis. A primeira coisa que acontece com o nosso organismo nestas circunstâncias é uma descarga de adrenalina no nosso organismo, e os órgãos que mais sentem são o aparelho circulatório e o respiratório.

No aparelho circulatório a adrenalina promove a aceleração dos batimentos cardíacos (taquicardia) e uma diminuição do tamanho dosvasos sangüíneos periféricos. Assim, o sangue circula mais rapidamente para uma melhor oxigenação, principalmente, dos músculos e do cérebro já que ficou pouco sangue na periferia, o que também diminui sangramentos em caso de ferimentos superficiais.

No aparelho respiratório, a adrenalina promove a dilatação dos brônquios(broncodilatação) e induz o aumento dos movimentos respiratórios(taquipnéia) para que haja maior capitação de oxigênio, que vai ser mais rapidamente transportado pelo sistema circulatório, também devidamente preparado pela adrenalina.

Quando o perigo passa, o nosso organismo para com a super produção de adrenalina e tudo volta ao normal. No mundo de hoje as situações não são tão simples assim e o perigo e a agressão estão sempre nos rodiando. Por isso a reação do organismo frente ao stress é de taquicardia, palidez, sudorese e respiração ofegante. Pode haver também um descontrole da pressão arterial e provocar um aumento da pressão à níveisbem altos, mas não siginifica que a pessoa seja
hipertensa.

MEDIDAS PARA COMBATER O "STRESS"

O combate ao stress não é fácil, mas existem algumas medidas que aliviam e podem ajudar muito. Quaisquer que sejam as medidas indicadas, o reconhecimento do problema é o primeiro passo para a cura. A partir de então programe o que fazer, o importante é tentar e mudar.

Faça exercícios físicos ou pratique esportes regularmente. Abaixa a pressão e alivia as tensões causadas pelo stress.

Arrume um hobby ou um passatempo, isto ajuda a desviar a sua atenção e alivia o stress.
Controle a sua dieta, melhorando seus hábitos, diminuindo o consumo de bebidas alcóolicas e deixe de fumar. Ao contrário do que muita gente pensa estas atitudes não são estressantes mas, contribuem para a diminuição do stress.

Procure conversar mais com as outras pessoas, melhore o seu relacionamento, isto não vai curar mas alivia as tensões.

Procure sair de férias, se for possível, e deixe de se preocupar tanto."

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Ok, é isso, vamos ver se me ajeito e acerto a minha vida.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Relação e sardas


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A minha mão desliza suave sobre a tez alva, pontilhada por sardas e o seu sorriso maroto me indica que ela gosta do carinho. Deitamos em "conchinha" e agrado sua nuca com suaves mordiscadas. Eu sei então que temos uma comunhão de marido e esposa, de amantes e lacivos. Isso foi há algum tempo, hoje, rarefeito.

Da realidade cansativa da criação dos filhos com a labuta de capturar ainda pequenos prazeres de uma relação de vinte anos, sabemos que nossa força é derivada de uma convivência de luta, lágrimas e vitórias esparsas, ainda que importantes.

Eu não me baseio em literatura de comportamento ou estudos específicos, mas me valho de experiência e digo que casamento é feito de momentos ruins e bons, e é assim mesmo como lugar comum, mas antes de tudo é uma entrega em que pelo menos um tem que ceder. E o meu problema é que eu cedo demais e acabo me magoando facilmente.

Não compreendo em alguns momentos como pode a nossa relação oscilar entre o "fim de tudo" e o "reinício de uma nova jornada", pois são poucas as reavaliações e muito de acomodação.

Questiono se a rapidez dos dias, a concentração no trabalho, a dedicação de cuidar dos filhos e a busca de uma independência vital não nos consumia dia-a-dia, deixando de lado a nossa entrega ao afeto, ao sexo, àquela comunhão que tínhamos e por vezes se perde com ela, nunca comigo.

São dias difíceis e vejo que a relação desgasta muito fácil se você não se permitir ceder em muito momentos, para que nem tudo entre nós dois se consuma em discussões banais ou agressões verbais que machucam como chicote com ponta de lâmina.

Eu penso que nunca é tarde para existir um perdão ou uma desculpa de ambas as partes, mas, com a torrente de emoções que encontro nos meus dias de jornalista, seja na redação, ou em lotação de ônibus, sufocado entre corpos estranhos, de variados cheiros, que se comprimem em um coletivo com média de 38 graus de temperatura, as vezes eu canso de ceder e o perdão se torna apenas uma palavra vazia.

Meu filho menor sempre me recebe com um abraço quando chegou de uma jornada de 10 horas de trabalho e penso que ele e o irmão mais velho são mais importantes do que minhas lamentações e por isso, trabalho, choro, sustento e stresso, ainda que caminhe sobre uma corda bamba.

Eu quero antes de tudo ser o amigo da minha mulher, sem que aja restrições em nossos sentimentos e desejos, mas não sinto sua força tão intensa quanto a minha pelo amor que sinto ao vê-la todos os dias, após vinte anos, e mesmo tendo ultrapassado turbulências em nossa relação, que sobreviveu em cima de nosso maior tesouro, nossos dois filhos.

E tudo, tudo, tudo... Tudo parece se esvair, como areia na ampulheta, diante de atitudes frias, rejeição e falta de compreensão. Por isso eu cedo, engulo a emoção e, de forma errada, omito algumas verdades para que não destrua tudo.

Eu sei, é medo, é errado, mas não evito e nem consigo a ajuda necessária para compreender a razão de que, dependendo de apenas um gesto dela, eu posso lhe entregar o mundo ou partir para bem longe.

Hoje eu me sinto mais só do que nunca, e sei que parte da culpa é minha, mas outra parte ainda maior é dela. Estamos num beco e a saída parece se resumir a uma pequena fresta, como uma luz ínfima, que se esconde em uma grande caverna. Não sei quanto a ela, mas eu me permito repetir, me sinto tão só quanto era antes de conhecê-la.

Eu lhe disse que o meu coração é dela e recebi apenas um sorriso. Dei carinho e um bocejo, seguido de um olhar tedioso, me indicou que eu estava descartado, absolutamente engolido pela tormenta da superexposição, falido como marido. Não sentia isso, mas creio que ela chegou no limite dela. Nada diz e evita falar, eu então tenho que decifrar os sinais físicos e psicológicos dos vinte anos que aprendi a observar e obter a resposta óbvia, não estamos mais em comunhão.

Desconfio que estamos próximos do grande muro final que separa os mundos. Muito triste, ainda assim continuo a viver e a amá-la como aquele adolescente temeroso que lhe entregou uma rosa e disse que tinha as sardas mais lindas do mundo.


Continua...
(Me perdoe o maniqueísmo pela trilha que acompanha a leitura... É que a minha vida funciona com música e emoção)