terça-feira, 2 de setembro de 2008

A pior aventura de Batman em dois volumes



O meu herói favorito da DC é o Batman, ele só perde por uma leve brisa para o Homem Aranha, da Marvel, como o meu predileto em todos os tempos, e confesso que o fato da editora Panini – que detém os direitos de publicação no Brasil das duas maiores editoras norte-americanas – publicar “Batman – A Queda do Morcego” é algo somente para fãs masoquistas do personagem. De longe foi a pior coisa que eu li do “homem-morcego”.


Não desmereço o trabalho do principal desenhista da saga, Jim Aparo, uma referência clássica da DC, mas o roteiro da dupla Chuck Dixon e Doug Moench é lapidar em mostrar a desconstrução de um ícone com o pior dos argumentos e uma conclusão visivelmente maniqueísta e marqueteira.


Acompanhei as aventuras quando foram publicada pela Editora Abril ainda em formatinho em duas revistas, a de Batman e outra criada só para tal – nos Estados Unidos essa saga foi publicada nas revistas Batman #491 a #497 e Detective Comics #659 a #663. A conclusão do arco, que fez relativo sucesso, foi lançada em um almanaque especial, com o vilão da história, Bane, espancando Batman como se fosse um cachorro doente (em longas páginas, com Bruce Wayne expondo a sua identidade, com o uniforme todo rasgado, ossos partidos, o rosto parecendo uma pasta de carne amassada), depois partindo a sua espinha e jogando o herói de um prédio, numa conclusão anticlimática total (que me perdoem os fãs de tal acinte, mas para mim, um total absurdo).


Tão polêmica quanto a história que mostrava Batman paralítico após ter a sua espinha partida foi ver que o ele tinha um substituto que o vingaria, Azrael - que posteriormente espancaria Bane, com um uniforme do "morcego" ultra-tech, cheio de apetrechos tecnológicos (ridículo, descaracterizaram totalmente o personagem).


A história mostra o que aconteceria se Batman tivesse que enfrentar os seus piores inimigos de forma seguida, sem descanso, em combates mortais. Pois a trama urdida por um vilão astuto que espreita o “homem-morcego”, Bane, é levar o herói a fadiga total para que depois ela possa humilhar e derrotar o seu inimigo, expondo a sua figura pública à comunidade de Gothan City, provando que a metrópole está sob o seu comando.


De Coringa e Hera Venenosa, passando por Crocodilo, Charada, Zsasz e Espantalho, Batman é levado além do limite sobrehumano, quase morrendo algumas vezes e sofrendo ferimentos que iriam minar suas forças e afetar o seu psicológico. Não adiantou nem mesmo o maior detetive da DC utilizar de todos os artifícios possíveis para sobreviver a tamanha carga de stress para deter os criminosos, pois a cada capítulo da saga ficava óbvio que o plano de Bane era derrotar Batman de forma covarde.


Porém, na época Batman vinha de uma crise criativa que afetava as vendas da revistas, em contraponto ao sucesso com “A morte de Superman”, arco caça-níquel que elevou as vendas do “azulão” quando o filho de Krypton morreu em combate contra Apocalipse (Doomsday). Algum editor “genial” lançou a idéia de que, já que Superman morreu (para ser ressuscitado posteriormente em outro arco de sucesso, na época), porque então não aleijar o Batman, deixando-o paralítico por um tempo até que em uma aventura posterior, de forma milagrosa, o herói de Gothan voltaria à ativa. Pois é, mais “caça-níquel” do que isso, quase impossível, a não ser a fase fraquíssima dos X-Men na década de 90, com Scott Lodbel.


O encadernado “Batman – A Queda do Morcego – Volume 1 – Herói Quebrado” (formato americano, 276 páginas, R$ 36,90) foi lançado em agosto e pode ser conferido nas bancas, livrarias especializadas, ou ainda através de sites especializados. Como referência histórica de uma época de entressafra na vida do “homem-morcego”, vale conferir.

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