- O que você está pensando?
Eu, calado, olhando para o rosto dela, acaricio sua fronte com dois dedos e me permito emocionar com o seu doce sorriso.
- Quase nada, mas faz um tempo né? Onde a gente estava mesmo há seis meses?
Ela abaixou os olhos, franziu a testa e ficou meditativa por alguns momentos.
- Cada um vivendo a sua vida?
Eu assentei a cabeça positivamente e lembrei do primeiro sinal de carinho, quando num dia em que estava triste colocou seu rosto no meu ombro e fechou os olhos. Abracei.
- Sim, cada um vivendo a sua vida. Eu procurava um meio de ser feliz, mas ainda assim era uma busca quase perdida.
Ela olhou para o lado e parecia ter me ignorado ao falar isso. Ficou quieta por alguns instantes. Não entendi a sua reação, mas foi o suficiente para compreender que ela não passava pela mesma situação quando ainda não estávamos juntos.
- ... Sabe, eu precisava de uma pessoa que inspirasse, demonstrasse um comum interesse pela vida como eu.
Ela então me olhou diretamente e colocou sua mão no meu rosto.
- Eu sei, também buscava isso, mas não imaginei que fosse agora...
Como podia? O que havia no mundo, nas pessoas, na observação que fazia involuntariamente da minha vida em comparação com a dos outros. Procurava entender que o destino não acontecia assim de uma hora para outra. Por que então que havia uma conspiração, ou próximo a isso, de que sentimentos tão próximos, necessidades tão iguais de carinho pudessem ser encontrados em momentos tão inesperados.
- Queria poder encontrar uma explicação lógica para o que eu sinto. Poderia dizer pra você, é só amor. Mas o amor é simples, a palavras pode ser apenas uma palavra, o que me faz viver isso são os meus atos, a minha entrega. Me entreguei a você. Deixei um mundo novo abrir para os meus olhos e revivo sentimentos que nunca imaginei encontrar, ou pelo menos não agora...
Ela sorriu de leve, abaixou a cabeça e depois olhando para o horizonte deixou lindamente seus cabelos esvoaçarem ao vento.
- ... a vida me apresenta algo que eu deveria previr, pelo menos saber agir. Eu vou por instinto, mas com a experiência que ela me ensinou duramente. O meu medo é estar sozinho.
- O meu é estar sozinha, mas queria ter um amigo, um amor, alguém que me desse a solidez da vida que necessito.
Sorri, acompanhei os seus olhos e ao fundo uma música tocava com uma inspiração... Melodia lenta, respiração pausada, ritmo de romance.
Eu peguei a mão dela e ela apertou os meus dedos, acariciou com outra mão e concluiu.
- Estamos bem, não estamos?
-Sim, por mais um dia estamos sim. Vivo pelo teu sorriso, respiro pelos teus carinho, mas caminho por meus passos na busca da nossa felicidade.
Ela chegou próxima de mim e nada disse. A música aumentou ao longe e chegou a nossos ouvidos como um momento de magia, mas real.
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