quinta-feira, 15 de maio de 2008

Nada mais do que o tempo e a estrada





Natureza que contrai o tempo, sempre curto, acelerado. Olhos comprimidos escondem as retinas da poeira que viajam no vento. Teu sorriso de menina e um segredo envolto em outro segredo e que somente a melodia da nossa nova canção pode provocar um embate de paixões retraídas.

Cabelos soltos, uma chama viva que incendeia as palavras contidas do seu carinho transversal, emitido em olhares furtivos, sorrisos de canto e cabeça baixa no decanto de uma vergonha amoral. Nunca esqueço os olhos que um dia me pediram carinho e só pude retribuir com um retrato.

Um momento de reflexão, de palavras ao vento da imaginação e leseiras que nunca, sinceramente, serão lidas por você. Melhor ainda ficar com a lembrança dos teus mimos e da graça de sua vinda.

A pontada da dor no meu calcanhar, na batida de alerta do destino que nunca deveria ter sido praguejado pela minha fértil imaginação, ainda que os momentos em que trocamos bobas conversas, na estrada solitária que sempre seguia para o norte, sejam lembrados em e-mails solitários, guarnecidos em Power Points banais.

E no fim de tarde, vento de um litoral imaginário, eu repito o “leave me alone”, dos versos melodiosos da canção de Upper Room, para que o refrão seja reforçado nas caixas de som do meu carro, como um pedido de misericórdia para que algo interrompa os nossos sonhos, nunca conquistados. Afinal eu sempre acho que apesar de todos em nossa volta, ainda estamos sós, sempre sós.

Novamente eu vejo pelo retrovisor a estrada partida, com o vento do litoral imaginário revoando meus cabelos e a ausência sentida de uma presença desejada, mas não alcançada. O tempo é cruel e o resto é melancolia. Eu, você, amigos, sempre, como poesia, versos, um olhar perdido no horizonte, o rio, mãos que se tocam, cabelos que se cruzam, desejo, beijos, carinho, abraços, tempo, tempo, enfim, dor contida, dor extensiva e a saudade de ver a partida. O tempo escoa no ralo na memória e o teu rosto (riso e choro) permanece como retrato vivo.

Natureza que contrai o tempo, o carro segue a estrada e tudo parece sorriso, ainda que a brisa mais fria anuncie a tempestade que está por vir. A vida segue e... Afinal, sabemos, que na verdade, nunca estaremos sós.


finito - Para "Mumu"
(Foto: Luis Eduardo/100imagens.com)

Nenhum comentário: