segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Esperança...



Você pode acreditar em esperança? Nos meus momentos mais difíceis eu juro que pensei em jogar tudo no poço e cair dentro dele com todas as minhas forças. Durante anos enfrentei uma barreira singular ao buscar partilha onde não encontrava, carinho onde não tinha mais, palavras de coragem onde só negativas faziam sentido. Na minha solidão voluntária eu vi desmoronar sonhos, uma relação que só eu acreditei ser possível mudar, mas sem cumplicidade é apena a luta de um homem solitário diante da ruptura.

Não tinha como respirar sem sentir a pressão de estar junto apenas pela força do compromisso em criar os filhos, era necessário tempo e aprendizado de vida. Ter a paciência necessária para tomar a decisão mais correta que parecia.

A depressão era inevitável, a queda, tudo conspirava para que o meu mundo girasse em torno da tristeza. Era a dor de saber que teria que ficar mais tempo sem sorrir com sinceridade, cair em tentações que não queria, buscar relações frias e sucumbir diante de aventuras que destroçavam meu íntimo, abalavam minha consciência e me deixavam ainda mais pra baixo do que estava. A felicidade momentânea pelo prazer era pura mítica da derrocada que eu teria que ter na minha consciência. Dormindo mal, levado pela rotina e sem chão de sustentação para o amparo das minhas noites de carência. Buscava o amor verdadeiro. Me iludi ao percebe muito tarde que tudo havia sido um engano, uma mentira que forcei ser contrária a realidade.

Um dia de chuva e desempregado, desiludido, sem perspectiva inclusive na área que trabalhava, pois havia sido queimado no mercado por ter lutado pelos meus direitos e conquistado, vencido a arrogância de um empresário que só o mal fez, mas paguei um preço alto. Lágrimas se confundiam com os pingos e pensei que não era mais o momento de ficar vivo, se tudo aquilo que havia vivido e acreditado se transformou num mundo desolado, cruel e solitário a qual eu caminhava o melhor a fazer era entregar os pontos e desistir de tudo, de viver, das pessoas, do mundo e da situação. Por um momento de fraqueza tive vontade de gritar e pedir a Deus que me levasse logo, que ali, naquele momento, debaixo de uma chuva torrencial poderia ser o fim de tudo, da minha vida. E nada, apenas trovões... Como um resmungo pelo meu desatino... Queria morrer.

Mas nem pra morrer eu servia... E lembrei que o que ainda me movia eram os filhos e a dor que podia acarretar à minha mãe de uma perda como a do seu filho primogênito. Aquilo me fez cair em prantos, a dor de uma mãe sobre a perda de um filho é algo sem explicação lógica. A dor da perda que sofreria me fez agarrar num fiapo de esperança de que um dia tudo poderia melhorar.

Desse momento guardei a razão de viver no apoio que sempre acreditei ter. Mesmo infeliz numa relação que não mais acreditava, ela me repreendeu por perder forças. Recentemente, quando decidi pelo caminho mais correto na minha vida pessoal e vi que poderia ser condenado por tantas coisas e erros que deveria ter evitado, a minha maior dor ao separar da ex-companheira era de ver que eu poderia ser uma grande decepção para minha mãe.

Dormi mal, visualizei em pesadelos diálogos de reprimenda onde estaria condenado ao fogo do inferno, sofreria a danação por ter feito aquilo que contrariava o que a ela, minha mãe, acreditava. Mas em tantas conversas na última ela demonstrou carinho, compreensão e me abraçou. Disse acreditar que finalmente eu posso ser feliz e que devo contar com ela para o que acredito ser o mais certo a fazer. Encostou a cabeça no meu ombro chorou e disse: "A minha tristeza não é pela sua separação, mas por querer que você seja feliz meu filho. Pois hoje você vive um momento difícil, mas eu creio e sei que você encontrará a sua felicidade. Eu estarei aqui para ajudar você no que for necessário, acredite, eu estarei aqui".

Minhas lágrimas caíram, o meu peito desafogou e depois de semanas senti um alívio e felicidade. Uma esperança explodiu dentro do meu corpo e depois de dias dormindo tão mal, vivendo à míngua de bons sonhos, pude finalmente vislumbrar um caminho viável para ser feliz.

Vivendo um turbilhão de emoções todos os dias, acreditando estar fazendo o melhor que posso agora eu sinto que é hora de cuidar de verdade da minha vida e das pessoas que amo, como o homem que deveria ter sido há tempos. Fiz e ainda faço tantos sacrifícios por aquilo que acredito, que um dia após o outro vou vivendo um amor terno, uma esperança tênue e um crer de que a felicidade demanda de muito trabalho, dedicação e partilha.

Hoje eu não estou mais só, tenho uma pessoa que me faz acreditar naquilo que sou e ainda posso ser. Tenho uma mãe que me ensina que o amor é algo que ainda vale a pena acreditar, pois ele nos move a fazer até o impossível. Mesmo quando estou triste, deprimido, enfraquecido pelo stress da profissão que escolhi, é a força dessas mulheres que me faz acreditar nos meus sonhos e fincar os pés na realidade, sem frescura e com determinação.

E acredito e tenho esperança.... Dias melhores virão e serão sempre bem vindos.

2 comentários:

Renatha Pierini disse...

Totalmente sem palavras!!! Em várias linhas deste texto eu me vi espelhada nas palavras que redigiu...

Palavras duras e que refletem momentos, porém atitudes nobres que refletem caráter...

Parabéns pelo texto!

XeroVerde disse...

Texto lindo e inspirador!!!
Parabéns!!!
@damiaduarte